“Na profundidade da alma existe uma canção que não pode ser expressa em palavras”. A dança é uma forma de expressão que fala por si só. (Kalil Gibran)

Dahra Mahaila Bellydancer

Dahra Mahaila Bellydancer

Descubra a Dança do Ventre

A você mulher que sempre quis saber os mitos e as verdades sobre a dança do ventre, vai encontrar aqui todas essas respostas e um pouco mais. Através deste blog vou passar a vocês um pouco da minha experiência com a dança e porquê me apaixonei por ela. Quem sabe você também não se apaixona e venha à fazer parte deste mundo de mulheres lindas, maravilhosas, alegres, felizes, bem resolvidas, cheias de energia, confiantes e poderosas com a dança do ventre.
Dahra Mahaila (25/03/2010)

A Dança do Ventre como Terapia

DESPERTANDO PARA A DANÇA DO VENTRE COMO TERAPIA
INTRODUÇÃO:
Vivenciamos inúmeras experiências pedagógicas que indicam a abordagem da saúde mental e sobre tudo sexual no âmbito da educação pela dança.
A dança do ventre é uma maneira clara, simples, direta e ampla para trabalhar a saúde de um grupo de mulheres. É uma prática alternativa milenar que reduz a complexidade na abordagem da sexualidade feminina.
Essa dança é flexível e sistemática e permite o entendimento de conteúdos e situações diversas que ocorrem com o corpo e a mente. Visa possibilitar aprendizagem e desenvolvimento crescentes da mulher e também o trabalho da sexualidade por meio da dança. Esses aspectos motivaram-nos a buscar em mulheres normais, que freqüentam uma academia de ginástica do interior do estado de São Paulo, a sua condição geral de vida após terem praticado dança do ventre por algum período de tempo.
A dança, de um modo geral, é extremamente importante como meio de diálogo, de reflexão e de possibilidades de revisão de conceitos, pois o respeito a si próprio e ao outro está presente em sua prática, que traz aprendizados que podem levar a transformações, reafirmações, concepções e princípios, na busca de uma construção mais significativa de nosso código de valores.
Salientamos que nem todos nós estamos dotados de sensibilidade nos nossos movimentos (referindo-nos ao sentido mediante o qual percebemos o esforço muscular, o movimento e a posição no espaço). Assim sendo, praticando a dança, é possível adquirirmos sensibilidade e, conseqüentemente, uma compreensão melhor de tudo que nos cerca. Entendemos que, por meio do som da música, tratamos de refinar nosso sentido de audição; mediante a interação de cores e formas na arte, procuramos refinar nosso sentido da visão; e; mediante a dança, procuramos refinar nosso sentido cinestésico.
Assim, estimular nossas reações sensoriais é particularmente importante, mas como fazer isso pode constituir-se em problema, daí a necessidade de orientação para o desenvolvimento da capacidade de diferenciar uma crescente variedade de matizes mais delicadas nas sensações, ou, inclusive, uma única sensação.
Esses elementos favorecem-nos a expressão e liberação do corpo e da mente, levando à busca da auto-valorização e do sentido positivo da vida.
Toda pessoa que tenha perdido o uso de um de seus sentidos estará incapacitada para refinar essa faculdade, já que não há nada que se possa refinar. O fato de que os outros sentidos tendem a compensar essa perda, demonstra que as sensações recebidas são resultados de uma combinação de diferentes impressões sensoriais, e a dança pode ser um fator importante nessa combinação, na busca da compensação da referida perda e, ainda, da liberação das tensões acumuladas, bem como possibilita a livre expressão corporal e a expansão saudável da sexualidade humana.
Dessa forma, é extremamente importante a prática da dança também no sentido educativo, já que a cinestesia (básico, junto com a contribuição de todos os outros sentidos) tem oportunidade de abrir uma porta que possibilita a auto-educação, o autoconhecimento e a autoconsciência num meio social e objetivo. Isso não será possível, porém, sem um processo consciente e uma compreensão intelectual dos elementos implicados.
A sensibilidade cultivada para o movimento e sua percepção é parte necessária de nossa capacidade de nos relacionarmos com nós mesmos, com o mundo e com os outros. Ao dançar, podemos experimentar relações em que se realça a consciência de si mesmo e dos demais.
O sentido de prazer que a dança pode nos oferecer, ajuda-nos a achar harmonia e adquirir maior sentido de pertinência. Com esse fim, nosso impulso interior para o movimento deve se vitalizar e orientar-se para uma expressão plena e estruturada pela dança, em especial a dança do ventre, melhorando, assim, a saúde física e mental.
Essa dança, porém, não pode ser vista como um mero exercício: ela faz parte de uma tradição muito antiga, ligada ao culto da terra e do útero poderoso da deusa. Os procedimentos da dança do ventre são sérios e merecem respeito das coisas transcendentais e sagradas.
Conhecida há 6 mil anos, a dança do ventre surgiu, ao mesmo tempo, no Egito, na Mesopotâmia e na região do Pacífico. Pela necessidade de oferecer um ritual totalmente dedicado às deusas Isis (no Egito), Isthar e Inana (na Mesopotâmia), nos templos, durante as festas religiosas, surgiu essa dança, também usada na iniciação sexual das jovens e na preparação do parto.
A dança pode ser feita por mulheres de todas as idades, não importando o tipo físico, estado civil nem a religião.
A dança do ventre é ligada ao rito de fertilidade, é a modalidade de dança que melhor simboliza a essência da criação, onde se agradecia o milagre da vida, louvando, com dança e oração, o prazer, o nascimento e a sensualidade feminina. Apesar de ter ficado conhecida como uma dança originária da Arábia, essa "nova" mania foi criada como ritual de fecundidade há sete mil anos, por sacerdotisas egípcias.
Nesse tempo, era uma dança secreta e muito importante, só sendo realizada pelas altas sacerdotisas, mulheres importantes e respeitadas na cultura egípcia, sendo proibida a apresentação em público. Com o tempo, foram permitidas apresentações em palácios, e foi aí que a população tomou conhecimento da dança do ventre.
Com a invasão árabe e a conseqüente mistura de culturas, a dança do ventre foi disseminada pelos outros países, graças à tradição de viajante e mercador, do povo árabe. Como dança milenar, é uma dança profunda, não merecendo que seja vista com vulgaridade ou banalidade.
No início, a dança do ventre era um ritual sagrado, praticado por sacerdotisas em honra ao deus Rã (SOL). Os movimentos dos braços eram inspirados nos animais, em especial o falcão, e o ventre permanecia exposto. A intenção não era seduzir, mas, sim, exaltar as energias da criação, concentradas no útero. No século XVIII, o imperador francês Napoleão Bonaparte invadiu o Egito e ficou encantado com a dança do ventre. Desde essa época, a dança do ventre vem se fortalecendo como prática alternativa, devido a seus vários benefícios físicos e mentais.
A dança do ventre coloca a mulher em contato com as energias positivas. É uma dança sagrada, é trabalhada e desenvolvida, para sustentar as fragilidades, afagar nossos sofrimentos, realçar o brilho opaco dos nossos corações agitados pela rotina e resgatar a identidade feminina.
Como terapia, faz com que os movimentos dos músculos do ventre "massageiem" os órgãos internos, regulando o metabolismo e melhorando a circulação. Os movimentos são femininos e trabalham com os sete chakras (pontos energéticos do corpo): básico, sexual, emocional, cardíaco, laríngeo, intuitivo e coronário. Em uma aula de nível adiantado, perdem-se 200 cal.
Os órgãos estimulados pela dança do ventre colaboram para que a mulher aumente o gosto pela vida. A mulher passa por uma revitalização, a consciência do próprio valor cresce, desenvolvem-se senso de dignidade e auto-estima. Estando despertos, os sentidos do corpo conduzem à melhoria da saúde, beneficiando pernas e órgãos internos. A mulher sente-se valorizada depois do contato profundo com suas raízes.
No plano emocional, a dança do ventre atua na transformação das emoções da mulher, incutindo, em seu ser, mais feminilidade, mais leveza, mais suavidade e beleza, ao mesmo tempo em que trabalha a confiança e a segurança. A dança trabalha o desbloqueio de sentimentos reprimidos, ajudando a mulher a liberar verbalmente seus temores, e, no plano mental, o raciocínio torna-se mais ágil, estimula a memória e favorece maior concentração da atenção, despertando a consciência para o momento.
Assim sendo, entendemos que o que foi trazido até o momento, resultado de breve busca literária sobre a dança do ventre, pode ser traduzido em benefícios que essa dança traz às mulheres de um modo geral, e um estudo com mulheres normais submetidas a essa prática é particularmente importante, porque poderemos, por meio de suas vivências, comprovar se tais benefícios realmente ocorrem. Outros estudos poderão ser realizados futuramente, com mulheres portadoras de transtornos mentais, por exemplo, no sentido de verificação se essa dança influencia no controle de seus sintomas psicóticos.
Observação: A dança do ventre ajuda no sentido de estimular a criatividade, trabalhar a feminilidade da mulher, diminuir a timidez e as tensões pré-menstruais, aumentar a auto-estima e facilitar o processo digestivo. Mostrou também ser um meio saudável de obter saúde mental e facilitar a formação de vínculos afetivos. As mulheres casadas, praticantes de dança do ventre, relataram melhora no relacionamento com o marido e mais ânimo para as atividades diárias, e as solteiras relataram sensualidade, relaxamento e o corpo mais modelado. De certa forma, é consenso entre casadas e solteiras que essa dança trouxe contribuições positivas tanto para a saúde física quanto para a mental e pode ser considerada como uma estratégia para educação integral e sobretudo sexual, que estimula a valorização da vida, tanto nos aspetos individuais quanto coletivo.
A experiência da pesquisadora em dança permitiu maior aprofundamento e análise dos conteúdos, confirmando algumas afirmações estabelecidas na prática, antes do trabalho de investigação (hipóteses). Permitiu, também, descobrir o que está atrás dos conteúdos manifestos na função de dançar, indo além das aparências do que as mulheres comunicaram. As respostas das mulheres possibilitaram o reconhecimento de alguns benefícios que a dança do ventre traz para a saúde física e mental: os exercícios de ondulações e alongamento aumentaram a flexibilidade dos músculos das mulheres, ajudando no controle da ansiedade e outros transtornos psíquicos e melhorando, também, o processo digestivo. Os movimentos circulares e ondulados do corpo, dos braços e das mãos, com contrações e relaxamentos musculares, realizados com o auxílio de músicas de ritmos lentos e suaves, provocaram diminuição da pressão sanguínea e do ritmo respiratório, o que, possivelmente, levou essas mulheres a terem reações no metabolismo, as quais se traduziram em um meio efetivo de combate à hipertensão e à enxaqueca.
Os exercícios de dança do ventre possibilitaram o relaxamento do corpo, resultando numa sensação de bem-estar, o que, provavelmente, está associado à liberação de serotonina pelo organismo. Outro fato que pode estar associado à prática de dança do ventre é a própria defesa do organismo. A experiência prática de professoras dessa dança e relatos de mulheres praticantes mostram que tais praticantes são menos expostas a doenças infecciosas. Isso leva ao entendimento de que esse tipo de dança alia-se ao sistema imunológico na luta contra essas doenças, incluindo, também, outras, não infecciosas, como a depressão e a ansiedade.
(Texto da Revista Oriente)
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