A história da Dança do Ventre no Brasil ainda é muito recente. Podemos contar de uns 50 anos para cá, aproximadamente. E podemos assim dizer que isto aconteceu juntamente com a chegada dos primeiros árabes no Brasil. Os primeiros imigrantes árabes vieram da Síria e do Líbano por volta de 1880, e se concentraram principalmente no estado de São Paulo, mais especificamente na capital.
A bailarina Patrícia Bencardini em seu livro nos diz que: “A partir dos anos 50, uma grande população muçulmana entrou no Brasil, vindos de diferentes regiões do Oriente Médio. E, na década de setenta do século XX, novos imigrantes libaneses vieram para o Brasil fugindo da guerra civil, quando muitos encontraram parentes distantes que vieram no começo do século” (p. 68-9).
Provavelmente este foi o caso da bailarina palestina SHAHRAZAD Shahid Sharkey que aqui chegou por volta de 1957.
Muitas bailarinas acreditam que ela foi à pioneira desta dança no Brasil. Seu nome de nascimento é Madeleine Iskandarian.Shahrazad começou a se dedicar à Dança do Ventre a partir do final da década de 70 no Brasil, muito embora, já dançasse profissionalmente desde os sete anos em diversos países árabes, como conta em seu livro.
E também publicou em o livro “Resgatando a Feminilidade – expressão e consciência corporal pela dança do ventre”, em 1998, além de alguns vídeos didáticos. A dedicação de Shahrazad à Dança do Ventre, além de formação de grandes bailarinas e professoras, incluiu ainda sua luta pela valorização da dança e não por sua vulgarização. Em seu livro ela diz que “uma bailarina não deve jamais aceitar que os homens coloquem dinheiro no seu corpo. Eles dizem que é um costume, mas que isto não é verdade. O corpo da mulher é sagrado e o povo deve assistir a essa dança com muito respeito e admiração” (p. 5 e 6).
No entanto, dizem também que Zuleika Pinho foi a primeira bailarina a realizar uma apresentação de Dança do Ventre no Brasil, no clube árabe Homes, em São Paulo, e na época Zuleika tinha apenas 14 anos de idade. "Me perguntaram se poderia apresentar uma dança oriental, não tinha idéia do que era, mas aceitei", conta Zuleika em uma entrevista. Nesta época, ela passou a se apresentar em vários restaurantes e programas de televisão, assim como também apareceu um muitos jornais da época.
Mesmo assim, na década de 80, segundo a bailarina MÁLIKA, “a dança do ventre era muito pouco conhecida e difundida no Brasil”. Era difícil obter materiais para estudos, aulas e apresentações como discos, CDs, vídeos e roupas. A literatura também era escassa, pois segundo ela, “o Brasil não havia produzido nenhuma obra sobre o assunto e as existentes eram as publicações em inglês e francês”.
Para a bailarina esta situação mudou a partir da década de 90 quando começaram a surgir várias publicações sobre a Dança do Ventre em jornais e revistas.
Mas o auge da dança mesmo veio juntamente com a novela “O Clone” pela Rede Globo de televisão. Ai foi uma febre só. Todas as mulheres queriam aprender a dança do ventre.
Na época para se conseguir música árabe os profissionais tinham que comprar fora do país, porque aqui não tinha. Sem contar que nessa época os discos ainda eram de vinil.
Sabe-se também, que na década de 70 havia muito pouco restaurantes árabes na Capital sendo que alguns deles já nem exitem mais, como: Bier Maza, Porta Aberta e Samíramis. E estes restaurantes, segundo contam, havia algumas apresentações de dança do ventre e também alguns músicos árabes.
As primeiras dançarinas de dança do ventre no Brasil surgiram na década de 80. São elas: Shahrazad, Samira, Rita, Selma, Mileidy e Zeina. Podemos assim dizer que esta foi a primeira geração de bailarinas no Brasil
O primeiro vídeo didático de Dança do Ventre brasileiro foi lançado em 1993, pela Casa de Chá egípcia Khan el Khalili, tendo como professora a então já bailarina Lulu Sabongi.
Desde então muitos outros vídeos, e mais recentemente DVDs, têm sido produzidos no Brasil, tanto didáticos quanto de shows. Também muitos outros DVDs internacionais como: Bellydance Superstars, Soraya Zaied, Dina, Randa Kamel, Orit dentre outras.
Já a casa de chá egípcia Khan el Khalili localizada em São Paula, foi inaugurada em 1982 por Jorge Sabongi e antes de completar seus 2 anos passou a contar com apresentações de dança do ventre. Até que então surgiu a Lulu, e após iniciar os estudos na dança do ventre, começou a se apresentar na Casa de Chá, e a cada vez com maior freqüência e também com um público cada vez maior.
Nesse ano de 2010 a Khan el Khalili completou 28 anos de existência. Que além de casa de chá e cafeteria, exibem diariamente shows maravilhosos de dança do ventre. Que oferecem também aulas, shows anuais, produz Cds e DVDs, exportando inclusive para outros países.
Existem ainda muito que pesquisar sobre a dança do ventre no Brasil. Acredito que não sabemos realmente tudo a esse respeito. Mas vale a pena pesquisar e ler a respeito, porque a cultura árabe seja ela vinda pelos imigrantes ou pesquisada na internet é muito interessante e também é algo novo que vamos ler, aprender e transmitir.
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