A Dança do Ventre no terceiro setor: a recuperação do papel social.
As artes são sempre citadas como uma forma de inclusão social. Podemos citar, o balé, a dança contemporânea e principalmente a dança de rua figuram entre as principais modalidades exploradas por organizações não-governamentais que tem na arte e na cultura suas principais ferramentas de trabalho. O glamour, o luxo e o brilho muitas vezes espalhados aos quatro cantos por praticantes e escolas de Dança do Ventre acabam tirando do campo de visão de muitos profissionais e possíveis praticantes as possibilidades terapêuticas e principalmente sociais que a dança traz.
A prática da Dança do Ventre eleva a autoestima ferida pelo tempo e pelas dificuldades da vida. Ao se olhar no espelho ao longo dos minutos de aula é visível no olhar de cada uma a descoberta diária em cada nova ondulação, cada curva e cada batida que seu corpo pode mostrar. É pelo corpo que essas mulheres exprimem de forma silenciosa o que a sociedade há tempos calou. Seja sua sensualidade, seu espírito de romantismo, seu lado moleca ou mesmo a sua deusa interior. As batidas agressivas viram formas de exprimir seus retornos às adversidades da vida e, aos poucos, o equilíbrio vai voltando a reinar. Mente e corpo finalmente se encontram.
Os espaços do terceiro setor, que atendem a comunidades carentes, muitas vezes são povoados por mulheres vítimas de violências. Seja violência moral ou física, em ambiente doméstico ou de trabalho, o fato é que a maioria passa por abusos e condições de difícis sobrevivência. Nesses espaços livres, as marcas expostas de seus corpos e suas almas passam despercebidas por elas mesmas na beleza da sinuosidade dos movimentos, nos redondos de quadris e flutuações de braços. É o momento de esquecer da dor e entender que aquilo que elas vêem no espelho e sentem em seus corações as pertencem e são de seu total domínio.
Nesse formato, elas reagem de forma muito mais afirmativa como donas de seus corpos, suas mentes e seus destinos. As experiências com a auto observação e a consciência corporal levam a uma autodeterminação física e intelectual que contribuem para o aumento da consciência de seu papel social como mulher, profissional, mãe e, principalmente, como indivíduo atuante em suas comunidades e na sociedade como um todo.
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