Se eu tivesse de seleccionar uma das tres qualidades essenciais para ser uma boa dançarina, eu diria que a sensibilidade auditiva é a primeira das qualidades a ter em conta sem a qual a nossa dança é sempre vazia e desligada da fonte de inspiração que nos faz mover: o som, a música, o rítmo e a melodia.
Antes do movimento, vem a música e é esta que seguimos quando entramos no universo mágico da Dança dança do ventre. E os nossos ouvidos têm de estar sintonizados com os mais diferentes detalhes da música que dançamos para que possamos interpretar e usar a técnica adequada, e também o nosso lado emocional e artístico.
A música a que nós acostumamos a ouvir no Ocidente tem muito pouco a ver com a música árabe. Praticamente não se compara quase nada com esse etilo de música usualmente utilizada para a Dança do ventre.
Esta é uma das primeiras dificuldades com que a maioria de nos apredizes desta linda arte se depara quando começa a aprender e durante todo o seu percurso.
Nós dançarinas e aprendizes temos que aprender a ouvir a música antes de saber dançar. Quem não sabe escutar a música “por dentro” do seu corpo etéreo de energias e sentimentos não saberá dançar, de fato.
É necessário treinarmos os ouvidos para a música árabe mas, mais importante que isso, é imprescindível uma abertura e atenção mental que nos permita ouvir, capitar, e interiorizar os sons, as músicas e qualquer estímulo sonoro com total disponibilidade e valorização.
Falo de um apuramento de sentidos, neste caso, da audição. Só com este treino gradual se chega a ouvir, sentir e daí poder transmitir o que ouvimos através do nosso corpo e da nossa alma.